Num encontro em que investiu contra a mídia e afagou um “chefe de quadrilha”, o PT aprovou uma mudança estatutária pseudomoralizadora.
Com cara de jogo de cena, a nova regra limita o número de mandatos consecutivos que um político petista pode exercer.
Para vereadores e deputados (federais e estaduais), no máximo três mandatos. Para senadores, apenas dois.
Na aparência, a novidade é alvissareira. Inibiria a proliferação dos chamados políticos profissionais. Na prática, é inútil e enganadora.
É inútil porque o limite só vale a partir de 2014 e desconsidera os mandatos anteriores. Aplica-se ao futuro, não ao passado.
Quer dizer: ainda que fosse pra valer, vereadores e deputados petistas seriam importunados apenas em 2026. Senadores, em 2030.
É enganadora porque trata como problema personagens como Eduardo Suplicy, o ficha limpa a quem o eleitor de São Paulo atribui ares de senador vitalício.
O problema do PT atende por outros nomes –Delúbio Soares e José Dirceu, por exemplo. Gente que ainda não obteve mandato ou perdeu o que tinha.
Sob a pantomima do estatuto esconde-se uma esperteza. O PT, como se sabe, tenta aprovar no Congresso o voto em lista.
Se passar, o eleitor será condenado a votar nos partidos, não nos candidatos. Elegem-se os nomes mais bem postos numa lista definida pela caciquia das legendas.
A simulação do limite temporal dos mandatos visa vender a ilusão de que o PT não fará de suas listas um ninho de privilegiados.
Quem quiser pode acreditar. Mas arrisca-se a fazer papel de bobo. Numa futura lista de candidatos petistas, os delúbios tendem a prevalecer sobre os suplicys.
De resto, até 2026, ano em que o limite começaria a surtir efeitos, nada impede que o PT, em nova “reforma” estatutária, providencie o sumiço da regra.
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Escrito por Josias de Souza às 00h35
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